quinta-feira, 8 de março de 2012

Intervenções de Elias Santos e Tales Bedeschi


Gravura em diálogos urbanos

Gravuras que se apropriam de contornos, volumes. Se imbricam no entorno, dialogam com espaços de circulação, velocidade, de uso por multidões. Pensar sua multiplicidade como algo que converge para uma comunicação direta e principalmente, poética. 







A técnica da gravura trouxe à arte a possibilidade de se multiplicar. Em um dado momento da História, as pinturas eram copiadas por um desenhista, gravadas em metal por um gravador e impressas por um mestre impressor. O pintor, o "artista" em questão, passaria a ter uma amostra de seu trabalho. Uma não, várias, e assim poderia divulgá-lo a vários artistas, a vários compradores.
A gravura vai ao encontro da necessidade de circulação e visibilidade da arte. Uma mesma matriz dá origem a várias estampas, conformando uma tiragem. A obra passa a compreender novas possibilidades de acesso e disseminação. Apesar de tomar como base a difusão de questões da arte, artistas contemporâneos têm dado outro sentido para a reprodução da imagem. Abrem mão da reprodução horizontal baseada no conceito de tiragem e  vêem a multiplicação como dispositivo de confecção de uma construção espacial.
Em vez de optar pela concentração visual proposta pelo emolduramento da estampa, a gravura passa a atuar em um extenso campo visual, onde a matriz detona uma proliferação, uma acumulação. A gravura é pensada à luz da intervenção urbana. Uma maneira de reconfigurar a experiência visual da cidade. Novas técnicas e procedimentos, como o carimbo e o stencil, são incorporados, mas o raciocínio da gravura permanece. 
Ao lembrar desses trabalhos, ficamos pensando que os séculos passam e os usos da antiga prensa são reinventados. E a gravura continua cumprindo com a necessidade da arte circular e manifestar sua presença na sociedade.
Tales Bedeschi








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